APA confirma Celtejo como responsável pela crise ambiental no Tejo
Na sequência das análises às amostras recolhidas no rio Tejo, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) confirmou ser a empresa Celtejo a principal responsável pelos elevados níveis de poluição no rio, revelados nos últimos dias pela cor escura das águas e pelo surgimento de um extenso manto de espuma à superfície.
A APA confirma que a Celtejo está na origem de 90% das descargas. Os níveis de matéria orgânica vegetal (celulose) atingiram níveis 5 mil vezes acima dos recomendáveis, originando um problema grave de carência de oxigénio naquela massa de água e colocando em causa toda a ecologia do rio.
Confirmam-se, assim, as denúncias dos ambientalistas da Protejo, do ativista Arlindo Consolado Marques, a quem a Celtejo moveu um processo judicial intimidatório com pedido de indemnização de 250 mil euros (!). Confirma-se igualmente a justeza da propostas do Bloco (rejeitadas pelo PS, PSD, CDS e PCP) para que a produção daquela fábrica de pasta de papel, em Vila Velha de Ródão, fosse adaptada à capacidade de tratamento dos efluentes descarregados para o Tejo.
Esta medida impunha-se desde há muito. Estranhamente, em 2016, a APA ainda veio emitir uma nova licença de descargas da Celtejo em que diminuía a exigência em parâmetros que medem a carga poluidora dos efluentes. A situação tornou-se ainda mais grave com a diminuição do caudal do rio devido à seca, situação que o Ministério do Ambiente tinha a obrigação de prever. Tem, igualmente, a responsabilidade de monitorizar caudais e de acompanhar situações de estiagem.
Foi preciso haver uma catástrofe ambiental, com o rio a ficar praticamente sem oxigénio, para que o Ministério do Ambiente e a APA tomassem decisões consequentes. Foram incapazes de, preventivamente e apesar das evidências, enfrentar poderosos interesses económicos e confrontar poderes instalados.
O Bloco de Esquerda reafirma a sua exigência de que os níveis de produção da Celtejo sejam reduzidos e adaptados à capacidade instalada de tratamento dos efluentes. Não chega ficar pelos dez dias determinados pelo Governo.